melomanias, etc.

segunda-feira, outubro 22, 2007

Tudo o que cabe dentro de um metro

Onde: metro, mas podia ser um simulador de claustrofobia
Quando: hora de ponta matinal
O quê: humor inusitado
Como: perante o empurrar abusivo dos passageiros para caber 'só mais um', um rapaz, talvez imbuído do espírito do felino mal-cheiroso da noite anterior, lança uma proposta: "que se contratem pessoas para empurrar os passageiros para dentro das carruagens"
Porquê: instinto de sobrevivência

quinta-feira, outubro 18, 2007

"Let me entertain you"

Alguns não vão gostar de reconhecer a origem da conjugação de palavras citada, mas trata-se de um princípio de actuação crucial à música Pop - e, arrisco, da vida em geral. Daí a pertinência em citar o Robbie.

Muitos rejeitam esta máxima, e optam por outro género de perfil. Mas o que está confirmado até ao momento, pela via democrática que é o voto da maioria (neste caso fora das urnas), é que resulta.

Sim, talvez não seja "a" via exclusiva. Também há quem diga que viveu nos Açores e nunca por lá ouviu Bon Jovi, mas trata-se de mito ainda por confirmar.

So Pop yourselves.
Or not.
I'll try to set an example. But there are plenty. And so much better.



PS: cada vez me convenço mais de que o acto criativo que inclui o receptor / interlocutor resulta melhor. Até porque falar para as paredes is so passé.

terça-feira, outubro 16, 2007

Name your price

Who said you couldn't buy happiness? Or is it that extra patience you're looking for?

You no longer have to wait for Aladdin to come. Rub your lamp here.

They've specialized in the (im)possible.

sexta-feira, outubro 12, 2007

Alienação ou a morte

Pessoas lêem os jornais todos os dias e não se matam. Pessoas são feias e estúpidas, sabem-no, e não se matam. Pessoas contactam com o ridículo da natureza humana e não se matam.

Algumas matam-se.

Mas aquelas que não se matam, não se matam porquê?
Embora já tenhamos estado mais longe, o mundo não anda todo viciado em Prozac. A resposta estará no anti-depressivo natural de homens e mulheres, e também não falo da serotonina.

Alienai-vos e multiplicai-vos.

Basicamente seria esta a regra não dita da salvação da espécie. Porque acredito ser impossível a alguém, na sua fragilidade intrínseca de ser humano, conviver 24 horas por dia com uma consciência desperta para tudo o que há de depressivo na nossa sociedade. Já tentaram, nas novelas, mostrar pessoas que vivem sem nunca usarem a casa de banho. Mas a realidade não é assim. Fazemos merda, e muita.

Defendemos determinados valores que não são universais senão nas nossas cabeças repletas de ideias utópicas. Mas também não podemos abdicar deles, por isso lutamos contra as incongruências como podemos. Assobiando para o lado, se preciso.

Peço desculpa pelos insultos que já distribuí por todos esses que vivem a maior parte das suas vidas em puro estado de alienação, discutindo a trama da novela da noite em vez de citarem Kierkegaard ou Sartre. Pois é graças a eles que esta espécie sobrevive.

quinta-feira, outubro 11, 2007

Efeitos (nem por isso) secundários

Inibição da ovulação? Esqueçam. A forma mais eficaz de a pílula contraceptiva prevenir a gravidez é provocando a queda abrupta dos níveis da libido.

quarta-feira, outubro 10, 2007

Estante dos Horrores

Na minha vida, as coisas com as quais me relaciono recebem nomes especiais. E que não se entenda 'especiais' como elogiosos ou particularmente carinhosos - isso é coisa para ursos. Alguns até poderão ser, mas trata-se com mais frequência daqueles que, sendo um mal necessário, suscitam em mim a necessidade de os tratar com algum humor (para quem não perceber, conferir a mais recente quote do Oscar Wilde, em Tragicomedy).

Assim, vivo no Fim do Mundo - simplesmente porque as minhas noites estão entregues aos subúrbios de Lisboa; já tive de aturar um Pré-Histórico - que não passava de um desktop desactualizado que me causava dores de cabeça com os seus bloqueios diários; e guardo, com a maior das religiosidades, a minha Estante dos Horrores.

A Estante dos Horrores já foi outra coisa. Já foi um ou dois CD colocados ao lado da aparelhagem. Cresceu e migrou para uma caixa de sapatos - o meu sentido de bricolage já era avançado para a altura. Tantas proteínas ingeriu com os seus novos hábitos de alimentação que acabou por forçar-me a comprar uma estante. Montei-a eu própria, saudosa das caixas de sapatos, e instalei os CD, deixando espaço de sobra para alguns DVD e um crescimento esperado; um pouco como se faz às crianças quando se lhes compra em pequenas uma cama com praticamente o dobro do seu comprimento.

A Estante dos Horrores não começou por ser a Estante dos Horrores. Começou por ser o meu tesouro mais precioso (expressão de índole pirosa para 'a primeira coisa que imaginamos salvar se a nossa casa sofrer um incêndio'; atenção, que eu disse 'coisa' e não 'pessoa'). Mas eventualmente fui crescendo e deixando de gostar das bandas que ouvia quando tinha dez anos. E doze. E quinze. Enfim, you get the point.

E agora é Estante dos Horrores porque me lembra as fases por que já passei, porque é a minha cronologia pessoal, e como tal, nela estão contidos os registos das minhas 'Guerras Mundiais' e dos meus armistícios. E não, não vou abandonar o seguro registo metafórico para enunciar os moradores da Estante. Esses, só podem conhecer ao vivo. Como na Casa dos Horrores que costumava ocupar a Feira Popular. Contar não produz metade do efeito.

Assim, se algum dia passarem pelo Fim do Mundo, give me a call. Para que vos possa fazer uma visita guiada pela minha colecção pessoal de Horrores. Hitchcock faria um novo filme.

segunda-feira, outubro 08, 2007

Madchester

Porque as cidades também podem ter heterónimos.

My theories on the dead

Enquanto muitos escritores desenvolvem personagens de um ponto de vista externo, Fernando Pessoa investia nelas o seu próprio ser, assumindo as características dessas personagens (agora heterónimos, por definição) de forma auto-referencial.

Até que ponto a escrita é uma forma de auto-expressão e a partir de que momento é sobretudo um meio de fuga ao real? Porque não é difícil ao registo da verdade imiscuir-se o desejo de realidades alternativas, que chegam a ser tomadas pela realidade em si mesma.


PS: que máscara colocar hoje? Quem acordei hoje? - Fernando Pessoa tem, de resto, várias referências à temática da máscara nos seus poemas. Como neste exemplo, por Álvaro de Campos:

"Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido."


Ou este, noutro post mais antigo deste blog - Unmasking the Mask

domingo, outubro 07, 2007

Tragicomedy

"The world has always laughed at its own tragedies, that being the only way in which it has been able to bear them. (...) consequently, whatever the world has treated seriously belongs to the comedy side of things."

by Oscar Wilde in A Woman of no Importance


PS: I'm still engaged in learning how to live a Wilde life (like Morrissey never sung: "there's a [Wilde] man in my head").

So don't be surprised if you see me laughing off the news throughout the newspaper. One should only cry when watching a movie or a play, reading a book or listening to a song - anything that qualifies as fiction. Apart from that, romantic issues are the only plausible trigger for the shedding of tears. And even that is far too serious a motive. But novels have taught us it should be so.