Dandys Rule? OK!
Logo pela abertura com "Ride" (do primeiro, Dandy’s Rule Ok?) se poderia prever que este concerto dos Dandy Warhols não iria ser o que a maioria quase desconhecedora esperava deles. Ou seja, quem conhecia "Bohemian Like You" e pouco mais e vinha necessariamente à espera de um alinhamento composto de hits pop de refrões orelhudos teve tempo de dar largas à sua frustração. Ou então, se mais open eared, pode bem ter aproveitado a incursão que fizeram pelos seus álbuns mais antigos por entremeio à promoção (será que foi mesmo?) ao recente Welcome To The Monkeyhouse. A dúvida assoma por um motivo simples: as músicas foram apresentadas de forma muito mais crua, despidas de um certo polimento de estúdio que havia tornado o disco mais recente um potencial sequenciador de singles, mas que o fazia descer a um nível abaixo do dos anteriores. E aproveitando o passado como propulsor para uma incursão ao futuro - em jeito de revelação aqui vai - a novidade que os Dandys tocaram faz prever um próximo álbum "viragem de 180º relativamente à macacada" com tudo o que isso tem de efeito surpresa. Ah, e sim, country, sonoridade "tipicamente americana", e outras coisas que eles já tinham feito antes. O que não quer dizer que Welcome To The Monkeyhouse seja um disco mal cotado aqui pelo melomanias; é simplesmente um disco que não chegou a ser o que podia ter sido… Pelo menos no formato gravado. Na sua transposição para o palco parece que os Dandy Warhols conseguiram resgatar-lhe a essência do estilo Dandy Warholiano.
A maior aderência do público (assim tipo película, mas não tão plástica) teve lugar no já hino de há alguns tempos (esta coisa de timing nem sempre funciona no seu melhor) e que até seria giro se tivesse sido apagado do alinhamento (para alguém que queria um concerto ainda mais difícil de entender para os perseguidores de hits radio-vodafónicos) "Bohemian Like You". Mas até essa surgiu transfigurada, tal foi a vontade de agradar às massas que nessa noite não acompanhou os Dandy Warhols (afinal o anúncio era à Vodafone e não à Milaneza). Só se estranhou que no final as pessoas não tivessem aplaudido e gritado Vodafone, já que até na capa do Thirteen Tales From Urban Bohemia figurava um autocolantezinho com os dizeres: "Includes Bohemian Like You from the Vodafone Commercial". Então eram os Vodafone Commercial que estavam a tocar?! Oh, desculpem, eu sei, isto já ultrapassa um pouco a ironia, começando a pingar para o chato-que-já-não-posso-mais. Finito.
Mas embora o formato menos convencional e o ruído a dar cabo de todas as noções de popzinha limpa e hit-full, no alinhamento figuraram os "obrigatórios", passando por "Get Off", companheiro televisivo de "Bohemian Like You" aos mais recentes "You Were The Last High" e "We Used To Be Friends". Momento chave para melomanias foi o outro hino em jeito de "I don't know if you still remember this one" (ou qualquer coisa do género) "Not If You Were The Last Junkie On Earth". Toda a contradição passa por aí, na canção que revela a verdadeira (?) essência dos Dandys em formato hit não vodafónico, porque (so) passé demais. Teve ainda um "Country Leaver", onde faltou um "Horse Pills" (talvez para não tornar a incoerência do "Junkie" demasiado evidente) e um "Shakin'", num recurso bastante equilibrado aos quatro álbuns. Sentiu-se a falta daquela que poderia bem ser a banda sonora do Sudoeste por motivos obviamente estampados no título da canção: “Every Day Should Be A Holiday”.
As canções surgiam não só mais sujas e com mais distorção, mas a própria voz de Courtney Taylor-Taylor parecia querer pregar-nos uma partida algures entre o desafinado-quase-cool e a versão mais grave que não vinha incluída no disco. Concluindo: quem quer ouvir canções iguais aos discos tem bom remédio - não vem a um concerto de Dandy Warhols, pelo menos não a este. E se no álbum mais recente eles pareciam ter cedido a pressões da macacada, parece que pela atitude em palco e pelo aperitivo sonoro ao que aí se avizinha a jogada no próximo álbum será noutra direcção. Parece que os meninos cresceram e agora já podem decidir o que querem fazer dos seus brinquedos. Mesmo que isso implique o serem proibidos de fazer chamadas pelo telemóvel.
Cátia Monteiro
'04.08.15
A maior aderência do público (assim tipo película, mas não tão plástica) teve lugar no já hino de há alguns tempos (esta coisa de timing nem sempre funciona no seu melhor) e que até seria giro se tivesse sido apagado do alinhamento (para alguém que queria um concerto ainda mais difícil de entender para os perseguidores de hits radio-vodafónicos) "Bohemian Like You". Mas até essa surgiu transfigurada, tal foi a vontade de agradar às massas que nessa noite não acompanhou os Dandy Warhols (afinal o anúncio era à Vodafone e não à Milaneza). Só se estranhou que no final as pessoas não tivessem aplaudido e gritado Vodafone, já que até na capa do Thirteen Tales From Urban Bohemia figurava um autocolantezinho com os dizeres: "Includes Bohemian Like You from the Vodafone Commercial". Então eram os Vodafone Commercial que estavam a tocar?! Oh, desculpem, eu sei, isto já ultrapassa um pouco a ironia, começando a pingar para o chato-que-já-não-posso-mais. Finito.
Mas embora o formato menos convencional e o ruído a dar cabo de todas as noções de popzinha limpa e hit-full, no alinhamento figuraram os "obrigatórios", passando por "Get Off", companheiro televisivo de "Bohemian Like You" aos mais recentes "You Were The Last High" e "We Used To Be Friends". Momento chave para melomanias foi o outro hino em jeito de "I don't know if you still remember this one" (ou qualquer coisa do género) "Not If You Were The Last Junkie On Earth". Toda a contradição passa por aí, na canção que revela a verdadeira (?) essência dos Dandys em formato hit não vodafónico, porque (so) passé demais. Teve ainda um "Country Leaver", onde faltou um "Horse Pills" (talvez para não tornar a incoerência do "Junkie" demasiado evidente) e um "Shakin'", num recurso bastante equilibrado aos quatro álbuns. Sentiu-se a falta daquela que poderia bem ser a banda sonora do Sudoeste por motivos obviamente estampados no título da canção: “Every Day Should Be A Holiday”.
As canções surgiam não só mais sujas e com mais distorção, mas a própria voz de Courtney Taylor-Taylor parecia querer pregar-nos uma partida algures entre o desafinado-quase-cool e a versão mais grave que não vinha incluída no disco. Concluindo: quem quer ouvir canções iguais aos discos tem bom remédio - não vem a um concerto de Dandy Warhols, pelo menos não a este. E se no álbum mais recente eles pareciam ter cedido a pressões da macacada, parece que pela atitude em palco e pelo aperitivo sonoro ao que aí se avizinha a jogada no próximo álbum será noutra direcção. Parece que os meninos cresceram e agora já podem decidir o que querem fazer dos seus brinquedos. Mesmo que isso implique o serem proibidos de fazer chamadas pelo telemóvel.
Cátia Monteiro
'04.08.15
1 Comments:
'miga, faltaram referências à "Cool as Kim Deal" e à melhor música tocada naquele concerto, "Boys Better", ambas retiradas do melhor álbum da banda - "The Dandy Warhols Come Down...", disponível em qualquer discoteca perto de si! (é já correr a ir comprar!!) :P
JP
By Anónimo, @ 11:59 da tarde
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