That song isn’t funny anymore
Os Muse são a banda de uma adolescência. Bem, de várias, na realidade, mas é a minha que sinto como única e sobre a qual possuo os direitos de autor e de divulgação (ou secretismo). Carregava o pensamento já há algum tempo, mas forço-me de momento a não persistir em ignorá-lo. Aquilo que me atraía na sua música é o que agora me afasta sem pudor. O caos sentimental, o negativismo crónico, a psicologia da infelicidade reunidos num act hiperbolizado serviam a uma adolescência conturbada e envolvida no típico sentimento de incompreensão com outputs mais violentos do que o necessário.
O choque com o mundo mantém-se, mas no intervalo a fronteira entre o corpo próprio e o(s) outro(s) esbateu-se, quase eliminada por um processo de osmose. Por isso apenas por segundos consigo dedicar-me à tragédia da singularidade, já sem a convicção de outras colheitas.
Na adolescência o mundo é terrível. Entretanto não deixa de o ser, mas a noção de responsabilidade cresce irremediavelmente. Na adolescência conseguimos dedicar as vinte e quatro horas do dia a sermos infelizes. Depois disso o tempo torna-se – na nossa percepção subjectiva das mesmas vinte e quatro horas – demasiado escasso e procuramos aplicar os raros vestígios de silêncio a explorar outros matizes do nosso mundo interior.
Não deixei de ser infeliz. Mas de momento prefiro a ironia à hiperbolização quase irracional. Pelo menos sempre se deixam os outros na dúvida – por outro lado, ninguém acredita de modo sincero no trágico da adolescência depois de ter sofrido a lavagem cerebral que a passagem ao estado adulto normalmente implica.
Eles – Muse – continuam os mesmos, essencialmente. Eu suprimo a fidelidade a uma banda pela fidelidade a mim mesma na aproximação à minha essência. Não quero, porém, parecer ingrata. Continuo a reviver os Muse na minha memória, apenas me tornei incapaz de gerar novas vivências com eles para recordar. E de cada vez que os Smiths me chamam a atenção em “Rubber Ring” recordo o que fui e confirmo o que sou…
“But don't forget the songs
That made you cry
And the songs that saved your life
Yes, you're older now
And you're a clever swine
But they were the only ones who ever stood by you”
Sempre através da música – apenas as letras e a melodia vão mudando de tom, ao ritmo de cada descoberta interior… que é agora também exterior.
O choque com o mundo mantém-se, mas no intervalo a fronteira entre o corpo próprio e o(s) outro(s) esbateu-se, quase eliminada por um processo de osmose. Por isso apenas por segundos consigo dedicar-me à tragédia da singularidade, já sem a convicção de outras colheitas.
Na adolescência o mundo é terrível. Entretanto não deixa de o ser, mas a noção de responsabilidade cresce irremediavelmente. Na adolescência conseguimos dedicar as vinte e quatro horas do dia a sermos infelizes. Depois disso o tempo torna-se – na nossa percepção subjectiva das mesmas vinte e quatro horas – demasiado escasso e procuramos aplicar os raros vestígios de silêncio a explorar outros matizes do nosso mundo interior.
Não deixei de ser infeliz. Mas de momento prefiro a ironia à hiperbolização quase irracional. Pelo menos sempre se deixam os outros na dúvida – por outro lado, ninguém acredita de modo sincero no trágico da adolescência depois de ter sofrido a lavagem cerebral que a passagem ao estado adulto normalmente implica.
Eles – Muse – continuam os mesmos, essencialmente. Eu suprimo a fidelidade a uma banda pela fidelidade a mim mesma na aproximação à minha essência. Não quero, porém, parecer ingrata. Continuo a reviver os Muse na minha memória, apenas me tornei incapaz de gerar novas vivências com eles para recordar. E de cada vez que os Smiths me chamam a atenção em “Rubber Ring” recordo o que fui e confirmo o que sou…
“But don't forget the songs
That made you cry
And the songs that saved your life
Yes, you're older now
And you're a clever swine
But they were the only ones who ever stood by you”
Sempre através da música – apenas as letras e a melodia vão mudando de tom, ao ritmo de cada descoberta interior… que é agora também exterior.
4 Comments:
"The passing of time leaves empty lives/
Waiting to be filled"
By Anónimo, @ 4:34 da tarde
Prevejo rendez-vous dia 26 do próximo. =D
By Anónimo, @ 5:50 da tarde
"And when you're dancing and laughing and finally living /
Hear my voice in your head and think of me kindly..."
By Cátia Monteiro, @ 11:25 da tarde
Sim, os Muse no Campo Pequeno... ainda não sei se vou, em honra das velhas paixões ou no prolongamento do exercício de auto-análise.
By Cátia Monteiro, @ 11:29 da tarde
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