melomanias, etc.

quarta-feira, setembro 20, 2006

A difícil via da abstracção total

Pensar o nada exige um grau de concentração muito mais profundo do que pensar alguma coisa.

8 Comments:

  • Em que momento é que se sabe que se está a pensar no nada?

    Então se nos apercebemos de que estamos a pensar em nada é porque estamos a pensar no que se está a pensar.

    Se pensamos nalguma coisa não pensamos no nada.

    Para pensarmos no nada não se pode ter consciência de que se está a pensar em nada. Limitar a consciência, só sem concentração.

    By Anonymous Anónimo, @ 9:07 da tarde  

  • Em que momento é que se sabe que se está a pensar no nada?

    Então se nos apercebemos de que estamos a pensar em nada é porque estamos a pensar no que se está a pensar.

    Se pensamos nalguma coisa não pensamos no nada.

    Para pensarmos no nada não se pode ter consciência de que se está a pensar em nada. Limitar a consciência, só sem concentração.

    By Anonymous Anónimo, @ 9:08 da tarde  

  • Era apenas um exercício de abstracção.

    Afinal, o Ghostbusters já tinha demonstrado como é difícil pensar em nada. E recordo-me agora do Nothing do Vincenzo Natali, a propósito disto, mas que leva a tese um pouco mais longe: o que apagamos na nossa mente desaparece igualmente do plano real. Mas a imaginação artística e a teorização abstracta nem sempre podem ser seguidas pela concretização real. Divagações...

    By Blogger Cátia Monteiro, @ 2:34 da tarde  

  • As coisas que tu vais buscar! ;) =P

    Desculpa(em) lá os dois comentário, da primeira vez não apareceu a mensagem de "sucesso".

    By Anonymous Anónimo, @ 8:46 da tarde  

  • Quando se atinge um estado de relaxamento tal que não se sente o corpo (os músculos foram distendidos e afrouxados por grupos, dos pés à cabeça) a respiração foi também gradualmente deixando de se notar, e por último - e quanto a mim, o mais dífici -, o pensamento foi focalizado num "quadro", como um campo de girassóis, por exemplo, ou em "nada" o que pressupõe que de cada vez que o pensamento foge, ou pelo contrário, de cada vez que a mente é invadido por um pensamento este terá que ser varrido. Esta é uma prática do yoga, e não só, muito difícil para nós ocidentais.

    By Blogger Idiossincrasias, @ 2:22 da manhã  

  • Mas será possível pensar o nada para lá do 'pensar que não se está a pensar em nada'? No limite seria semelhante a desligar o pensamento, já que pensamos sempre tendo algo como objecto.

    E se conseguirmos, de facto, deixaremos de existir? :p (em interpretação livre da expressão cartesiana "Penso, logo existo")

    E ainda... não é curioso que utilizemos com tanta frequência a expressão "não estou a pensar em nada" precisamente para negar o pensar algo de muito concreto, mas que apenas não queremos divulgar?

    Hmmm, e será que podemos aplicar à expressão "não estou a pensar em nada" as regras da dupla negativa e desmascarar assim esses impostores? :p

    By Blogger Cátia Monteiro, @ 3:21 da manhã  

  • Como disseste, no limite será como desligar o pensamento. E sim, acredito ser possível.
    É como passar para outra dimensão. O quadro mais próximo que consigo encontrar é aquele estádio no limiar do sono em que tens uma agradável sensação de pairar sobre as nuvens.
    E agora vou deixar-te aqui uma história...
    Beijos

    UMA TAÇA DE CHÁ
    Nan-in, um mestre japonês de era Meidji (1868-1912), recebeu um professor universitário que viera informar-se sobre o Zen.
    Nan-in serviu chá. Encheu a taça do seu visitante e, depois, continuou a deitar.
    O professor observou aquele transbordar até que não pôde conter-se por mais tempo:
    - Está a deitar por fora. Não cabe mais nada!
    - Tal como esta taça, - disse Nan-in, estás cheio com as tuas próprias opiniões e conjecturas. Como poderei revelar-te o Zen, se antes não esvaziares a tua taça?

    Nyogen Senzaki e Paul Reps, em
    101 Histórias Zen

    By Blogger Idiossincrasias, @ 8:12 da tarde  

  • Hmm, dois segundos entre o acordar e o despertar efectivo sente-se de facto uma inconsciência agradável. Esse momento tão breve é logo sucedido pelo choque de reconhecer o que se passa à nossa volta.

    Normalmente não me apercebo deste limiar, a não ser quando me sinto deprimida, altura em que o estado de consciência é mais doloroso do que o habitual - o que eleva a diferença entre os dois estados ao cubo...

    Independentemente de esse poder ou não ser identificado como um exemplo de não pensar em nada... é de facto uma das experiências mais próximas que tenho ao estado Zen... entendido dessa forma. Mas o princípio não é que a uma abstracção inicial se siga a concentração em determinadas ideias? Uma espécie de "tábua rasa" auto-inflingida para renovar o processo de acumulação de conhecimento?

    By Blogger Cátia Monteiro, @ 11:12 da tarde  

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